Catar: como vivem os imigrantes no país da Copa do Mundo?

O país da Copa do Mundo ganhou os holofotes do mundo não apenas por causa do evento, mas também pela grandiosidade da arquitetura da região. Isso porque o Catar investiu mais de 220 bilhões de dólares para sediar o evento. Antes disso, já era conhecido por ser um dos países mais ricos do mundo. Contudo, a estatística esconde uma triste realidade por trás da riqueza dos cidadãos.

Por lá, os imigrantes sofrem com jornadas excessivas de trabalho e salários extremamente baixos. Ao contrário de muitos outros países do mundo, os estrangeiros somam mais de 90% da população do Catar. Dessa forma, o país não é tão maravilhoso quanto se veicula na mídia internacional.

O Catar cresceu muito nos últimos anos

Como comentamos neste texto, o Catar teve um crescimento econômico muito grande nos últimos 50 anos. Nesse mesmo período, a renda de cada cidadão passou a de muitos países no mundo, incluindo o Brasil. O principal motivo foi a descoberta de petróleo e gás natural, mas existem outros fatores que explicam a extravagância do país.

Contudo, essa realidade esconde outra bastante cruel. Por lá, os imigrantes vivem em condições de miséria. A jornada de trabalho ultrapassa as 16 horas em muitos casos. O salário anual desses trabalhadores não passa de R$10 mil por ano, o que dá menos de R$1.000 por mês. Para se ter uma ideia, a renda anual de um cidadão nascido no Catar ultrapassa R$3,5 milhões, algo em torno de R$290 por mês. Lá, os imigrantes vêm principalmente de Bangladesh, da Índia, do Nepal e do Paquistão.

Por isso, quando o país diz que eliminou a pobreza, ele trata apenas dos dados de pessoas nascidas no próprio Catar. Quem nasceu fora do país não tem acesso ao sistema de saúde e a auxílios importantes, como moradia e transporte.

Mais de 6 mil trabalhadores morreram nas obras para a Copa do Mundo. Foto: Reprodução

A incerteza de viver no país

Além das péssimas condições de trabalho, dos baixos salários e da falta de acesso a serviços básicos, os imigrantes também se deparam com outro problema. No Catar, muitas vezes o empregador confisca o passaporte do trabalhador, o que impede que ele volte a seu país de origem.

Em 2016, o país aprovou uma lei proibindo o confisco do passaporte, mas uma brecha na lei permite que isso seja feito mediante assinatura por escrito do trabalhador. Por precisarem de emprego, muitos imigrantes assinam esses papeis. Além disso, era proibida a troca de emprego sem o consentimento do empregador, realidade que mudou com essa mesma lei.

Inclusive, o Catar é acusado de exploração dos trabalhadores que construíram os estádios para a Copa do Mundo da FIFA. Segundo estimativas internacionais, mais de 6 mil trabalhadores morreram do início das obras até o início do evento.

Para ser cidadão do país, não é suficiente apenas ter nascido lá. Para ter a cidadania do Catar, é preciso ter pai com a cidadania do país. Caso a mãe seja nascida lá e o pai não, os filhos não têm a cidadania. Além disso, é extremamente difícil se tornar um cidadão legal, sendo necessário ter 25 anos de residência legal contínua, boa “reputação e caráter” e conhecimento da língua árabe, entre outros requisitos.

Pedro Hostyn

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