Policiais civis da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância indiciaram, nesta quinta-feira (4), o atacante Ramírez, do Bahia, pelo crime de injúria racial contra Gerson, do Flamengo. O caso aconteceu no dia 20 de dezembro, em confronto no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. A acusação foi feita pelo próprio Gerson, logo após o apito final. Na ocasião, ele afirmou que Ramírez disse “cala a boca, negro” durante uma discussão que aconteceu no segundo tempo do duelo.
Depois de ouvir os dois atletas envolvidos, Natan e Bruno Henrique, além do então treinador do Bahia, Mano Menezes. A Polícia Civil entendeu que a acusação do meio-campista do Flamengo é verdadeira. Como resultado, caberá à Justiça avaliar se apresenta ou não a denúncia do caso.
NOTA OFICIAL DA POLÍCIA CIVIL:
Policiais civis da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) indiciaram, nesta quinta-feira (04/02), o jogador Ramirez, do time de futebol do Bahia, pelo crime de injúria racial contra Gerson, do Flamengo. No dia 20 de dezembro de 2020, durante uma partida de futebol entre os dois clubes, o atleta do rubro-negro alegou ter sido chamado de negro pelo jogador da equipe mineira.
O fato aconteceu logo após o gol do Bahia. Bruno Henrique, atleta do Flamengo, fingiu dar um chute na bola e Ramirez reclamou. Gerson teria dito algo após a saída de bola. Neste instante, o jogador da equipe mineira passou correndo ao seu lado e teria dito: “Cala a boca, negro”. Tal frase motivou a imediata indignação de Gerson pela ofensa racista, que reclamou com o árbitro do jogo e com o treinador do Bahia.
O inquérito para investigar o ato foi instaurado do dia seguinte ao duelo. De acordo com a Decradi, testemunhas foram ouvidas, a súmula do jogo e imagens da partida foram analisadas e comprovam a indignação imediata de Gerson ao ouvir a ofensa racial. Além disso, em depoimento, seus companheiros de equipe acrescentaram que o jogador ficou muito abalado com a agressão, cabisbaixo e apresentou comportamento diferente do normal no vestiário e se recusou a encontrar parte do elenco após o jogo, pois estava triste com o fato ocorrido. Em depoimento, declarou que ficou tão indignado que após o encerramento da partida, ainda no gramado, precisou desabafar a indignação durante uma entrevista. Ramirez, no entanto, negou a injúria racial e afirmou que apenas disse “joga rápido, irmão”.
Segundo a Decradi, as investigações comprovam a dinâmica do fato e a versão da vítima, desde o momento em que disse ter sofrido a agressão injuriosa por preconceito até seu comportamento após o término da partida.