O primeiro estudo de fase 3 (com testes em humanos) para testar os efeitos do canabidiol (CBD) no tratamento da chamada “covid longa” será feito por pesquisadores brasileiros.
A “covid longa” ocorre quando os sintomas da doença persistem por 60 dias ou mais e especialistas acreditam que o CDB, um dos princípios ativos da Cannabis sativa (maconha), pode ser eficaz na redução de alguns problemas relatados pelos pacientes, como fadiga, insônia, dores de cabeça, fraqueza muscular, depressão e ansiedade.
Os sintomas persistem em decorrência de uma resposta imunológica exagerada do organismo de cada paciente ao novo coronavírus. Tal reação desequilibra a produção de citoquinas, que são as proteínas do sistema imunológico.
O canabidiol tem eficácia cientificamente comprovada contra quadros inflamatórios graves e é usado em tratamentos em diversos países do mundo. Para verificar se o CBD também pode ajudar contra a “covid longa”, o estudo recrutará cerca de mil voluntários e o seu início está previso para o mês que vem.
“Estudos internacionais já demonstraram o efeito anti-inflamatório do CBD, que pode ajudar a controlar essa ‘tempestade de citoquinas'”, diz ao portal UOL o cardiologista Edimar Bocchi, do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP, que coordenará a nova pesquisa em parceria com a empresa canadense Verdemed, produtora do CBD medicinal.
“A síndrome pós-covid leva a um comprometimento importante da qualidade de vida. São sintomas que podem persistir para além de três meses, como fadiga, astenia, fibromialgia, falta de ar, palpitações, dores no corpo, distúrbios de memória, distúrbios do sono.”, afirma o médico.
O canabidiol (CBD) tem potencial para tratar sintomas físicos e mentais da covid longa
De acordo com estatísticas internacionais, aproximadamente 20% dos pacientes com Covid-19 apresentam sintomas que persistem por mais de 2 meses após a infecção, sendo que um em cada 10 tem sintomas depois de 8 meses. A covid longa pode aparecer tanto em pacientes que tiveram quadros graves de covid-19 quanto naqueles que não chegaram a ser hospitalizados.
“Na prática clínica já conhecemos bem esse efeito anti-inflamatório do CBD”, conta a médica Paula Dall’Stella, uma das percursoras do uso do canabidiol no Brasil, ao portal UOL.
“O CBD consegue inibir algumas das mesmas vias inflamatórias em que a covid acaba atuando. Mas não é só no contexto físico, mas também mental. O estresse pós-traumático nesses casos é comum, com taquicardia, ansiedade, memórias recorrentes do que ocorreu no hospital. O CBD ajuda essas pessoas a terem uma vida mais saudável, ajuda o corpo a funcionar de forma adequada.”
A Veremed, empresa canadense fabricante de canabidiol, protocolou o pedido de registro do pronto na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a expectativa é que a liberação saia no começo de 2022.