O pedido de indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela CPI da Covid foi tema em veículos de imprensa internacionais, que destacaram a postura negacionista do mandatário brasileiro e citaram a recomendação de medicamentos ineficazes, além de declarações mentirosas sobre vacinas, como aquela que associa os imunizantes a casos de AIDS.
O canal Sky News, do Reino Unido, disse que Bolsonaro sabotou as medidas de enfrentamento ao novo coronavírus implementadas pelos governadores de cada estado.
“Ele constantemente recomendou remédio contra malária, mesmo depois de testes demonstrarem que não é eficaz contra a covid-19. Ele mobilizou aglomerações sem usar máscara e incitou dúvidas sobre a vacina.”, afirmou o canal britânico.
Já a CNN, dos EUA, acrescentou que o presidente brasileiro minimizou os efeitos da pandemia de Covid-19 e preferiu priorizar a saúde econômica do país. “Há muito tempo Bolsonaro minimizou a seriedade do coronavírus e falou ser necessário priorizar a saúde econômica do Brasil”.
Na França, a AFP relembrou episódios em que Bolsonaro teve posts apagados de redes sociais por “espalhar informações falsas e encorajar a população a violar políticas de distanciamento social”. A declaração em que o presidente associa vacinas da Covid-19 a casos de AIDS foi citada pela agência de notícias.
A agência norte-americana Associated Press (AP) apontou as diversas vezes em que Bolsonaro promoveu o uso de medicamentos ineficazes no combate à Covid-19. “Bolsonaro se defendeu dizendo que ele estava entre os poucos líderes mundiais corajosos o suficiente para desafiar o politicamente correto e recomendações mundiais de saúde.”
Relatório da CPI da Covid aponta 10 crimes cometidos por Bolsonaro
A falta de empatia do presidente foi destaque na BBC, que lembrou quando Bolsonaro pediu para a população parar de reclamar da doença. “Para muitos, é tarde demais. As famílias dos mortos vão querer saber para onde esse relatório vai levar”, acrescentou a rede britânica.
A BBC reforçou que a postura de Bolsonaro não mudou ao longo da pandemia. “Ele continuamente espalha notícias falsas nas redes sociais”, disse, ao mencionar a recente declaração em que o presidente associa a vacina da Covid-19 com casos de AIDS.
O relatório da CPI da Covid foi aprovado ontem (26) e pede o indiciamento de Bolsonaro e mais 77 pessoas e duas empresas. Ao presidente foram imputados 10 crimes:
- epidemia com resultado morte;
- infração de medida sanitária preventiva;
- charlatanismo;
- incitação ao crime;
- falsificação de documento particular;
- emprego irregular de verbas públicas;
- prevaricação;
- crimes contra a humanidade, nas modalidades extermínio, perseguição e outros atos desumanos;
- crime de responsabilidade devido à “violação de direito social”;
- crime de responsabilidade devido à “incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo.