Quase um mês após a morte de Rita Lee, Roberto de Carvalho lamenta a ausência da cantora e desabafa em um texto publicado neste sábado (27). A rainha do rock faleceu no dia 8 de maio, aos 75 anos, após luta contra um câncer no pulmão.
Em artigo escrito para o site LuLacerda, o músico comenta o sucesso da nova biografia de Rita, e diz que não sabia o que estava escrito na obra, lançada no último dia 22. “Depois de dois anos de muito sofrimento, parecia que as coisas não iriam mesmo melhorar; pelo contrário, cada dia, surgiam novos problemas, novas dores, novos sustos. E, então, num dos últimos dias da última internação, recebemos a primeira cópia da edição do livro ‘Outra Biografia’. Sempre tive o hábito, por pudor e respeito, de não ler ou invadir as coisas da Rita, a menos que ela assim o desejasse, portanto, não havia lido sequer uma linha do novo livro. Mas ali estava o livro, pronto. E que surpresa”, declarou.
Roberto conta que ainda estava lidando com o luto, já que o livro foi lançado poucos dias após a morte da artista, mas que a maneira como Rita escreveu sobre a própria doença e os últimos anos de sua vida o fizeram olhar a situação de outra forma. “Todas aquelas situações tenebrosas que nos aterrorizaram durante os dois anos em que durou a doença, havia, como num passe de mágica, se transformado numa narrativa bem-humorada, inteligente, sarcástica, despida de dramalhões, sacadas incríveis, momentos de assombração, quase virando piadas. A história toda recebeu uma camada irresistível de pirlimpimpim; tudo ficou de uma leveza insustentável – genialidade total!”, elogia.
Roberto de Carvalho lamenta ausência de Rita Lee
Ademais, Roberto segue com seus elogios à amada, com quem compartilhou 17 anos de vida. “Esta era a magia da Rita: seu talento, sua maestria alquímica em pegar chumbo pesado e transformar em puro ouro 24 quilates. Minha alma se acalentou. Me senti até um pouco ridículo por estar tão impregnado de pensamentos apocalípticos e resolvi, a todo o custo, me embebedar daquela narrativa tão mais saudável, esperançosa, bela, orgânica e, porque não dizer, útil – muito útil, um elixir antissofrimento. Mas a doença foi se agravando. E, por fim, meu amor partiu. Eu me parti ao meio”, lamenta.
“(…) Agora, a leveza da escrita da Rita me equilibra, me orienta, me empresta oxigênio, faz a dor doer menos. Isso é reconfortante, quase um milagre, mas insuficiente para preencher o vazio que a partida da pessoa que mais amei e amo na vida deixou em mim”, diz, por fim.