O Ministério da Saúde da Rússia, responsável pela fabricação da vacina Sputnik V, enviou uma carta à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) se defendendo das alegações feitas pela agência para vetar o uso e a importação do imunizante no Brasil e pedindo uma reparação pública.
Segundo o governo russo, as declarações da Anvisa causaram “danos significativos à reputação do Centro Gamaleya e da vacina Sputnik V”. Por essa razão, o Instituto Federal Gamaleya exige uma reparação pública da Anvisa.
“Favor reconhecer que a Anvisa baseou suas declarações sobre esse assunto em suposições incorretas, conforme descrito nesta carta e nos respectivos documentos de suporte”, diz texto assinado por Alexander Vasilievich Pronin, vice-diretor do instituto desenvolvedor da Sputnik V.
“Acreditamos que tais declarações poderiam ter sido evitadas se a Anvisa seguisse um procedimento padrão e verificasse suas suposições e conclusões com o Centro Gamaleya antes de fazer quaisquer declarações públicas”, alega o documento.
Na semana passada, em post no Twitter oficial da Sputnik V, a fabricante da vacina manifestou a intenção de processar a Anvisa por difamação.
Sputnik V diz à Anvisa que a vacina usa um adenovírus não replicante
A carta do Gamaleya à Anvisa também ressalta que os testes realizados com a Sputnik V não indicam a presença de qualquer adenovírus replicante (RCA), ao contrário do que apontou a Anvisa para justificar o veto ao imunizante no Brasil.
De acordo com o documento, as normas que determinam a quantidade de RCA na Sputnik V estão em “total conformidade com as recomendações da FDA (Food and Drug Administration), que é a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.
“Os controles de qualidade duplos existentes que são realizados pelo Centro Gamaleya e pelo Laboratório Nacional Estatal da Federação Russa [uma instituição independente como a Anvisa] não detectaram nenhuma presença de RCA na vacina Sputnik V. O controle para RCA é realizado não apenas para o produto acabado, mas também em etapas da produção diferentes, incluindo a semente viral e o concentrado de vacina”, diz o fabricante.
Consórcio Nordeste pede liberação da Sputnik V pela Anvisa
Nesta terça (4), o Consórcio Nordeste, que já contratou 37 milhões de doses da Sputnik V, protocolou uma manifestação defendendo a aprovação da vacina russa pela Anvisa.
“Entendemos também que qualquer decisão regulatória tem de ser feita no refinado balanço entre benefícios e riscos, já que nenhuma tecnologia, tal qual uma vacina, por mais eficaz que seja, é totalmente desprovida de riscos. Temos acompanhado as discussões sobre os riscos associados a uma das vacinas aprovadas entre nós. Entretanto, os reguladores de muitos países onde estes eventos adversos foram registrados têm recomendado a continuidade do seu uso, tendo em vista os imensos benefícios que gera”, alega o comitê científico do Consórcio Nordeste.