Experimentos laboratoriais feitos na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) indicam que anticorpos presentes no plasma sanguíneo de pessoas que já tiveram covid-19 e se recuperaram são cerca de seis vezes menos eficientes para neutralizar a variante brasileira do SARS-CoV-2, denominada P.1., do que a chamada linhagem B, que circulou no país nos primeiros meses da pandemia.
Baixa quantidade de anticorpos
O estudo indica que o plasma coletado de indivíduos que receberam a segunda dose da CoronaVac há cerca de cinco meses apresenta baixa quantidade de anticorpos, eles não parecem extremamente suficientes para neutralizar o novo coronavírus – tanto a linhagem B quanto a variante P.1. Os dados foram divulgados na segunda-feira (01/03) na plataforma Preprints with The Lancet e ainda estão em processo de revisão por pares.
Ocorrência comum como em vírus como o da gripe
De acordo com o pesquisador, esse fenômeno é comum e ocorre também com outras vacinas para outras doenças, fazendo com que alguns vírus continuem circulando mesmo após uma população ser imunizada. “Em hipótese alguma ele sugere que a vacina não funciona”, afirma.
Mais estudos são necessários
Os experimentos de neutralização com o plasma de vacinados foram feitos com amostras coletadas de oito voluntários que participaram do ensaio clínico de terceira fase da CoronaVac – imunizante desenvolvido pela empresa chinesa Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan. A imunização ocorreu entre os meses de agosto e setembro de 2020. No entanto, os pesquisadores destacam que esses resultados precisam ser interpretados com muito cuidado, pois anticorpos neutralizantes são apenas um dos componentes do sistema imunológico.