Afeganistão proíbe meninas de mais de 12 anos a cantar em público

No Afeganistão, as meninas com mais de 12 anos não podem mais cantar em público. A mais recente decisão conservadora do governo afegão aumenta os temores de que o Talibã possa retomar o poder no país, enquanto o grupo negocia um acordo de paz com os Estados Unidos.

As meninas com mais de 12 anos não podem mais cantar em público no Afeganistão (Foto: reprodução)

O Ministério da Educação do Afeganistão informou ainda que meninas com mais de 12 anos só poderão cantar em eventos “100% frequentados por mulheres”. Além disso, os professores homens estão proibidos de ensinar canto às meninas.

A decisão se aplica em todos os territórios do país, que conta com mais de 37 milhões de habitantes. Um porta-voz do governo afirmou que a decisão foi tomada após sugestões de alunos e pais. Os diretores das escolas são os responsáveis ​​por implementar a proibição.

Talibã e as mulheres no Afeganistão

A decisão gerou indignação nas plataformas de mídia social, quando as pessoas compararam a decisão do governo à ideologia do Talibã. No Twitter, alguns usuários contestaram a proibição compartilhando imagens antigas e filmagens de meninas dançando e cantando. “Não é uma boa visão da República se eles começarem a igualar os mesmos valores do Talibã”, escreveu uma jornalista em um post.

A ministra da Educação afegã, Rangina Hamidi, recebeu críticas porque antes se apresentava como uma defensora dos direitos das mulheres. “Uma vez li que você era ‘uma das principais vozes das mulheres afegãs’. Mas eu não sabia que você usaria sua voz para silenciar as meninas afegãs. Todos nós adoraríamos ouvir a lógica por trás disso. Qual é o objetivo?”, perguntou um usuário do Twitter.

Em contrapartida, há pessoas que se manifestaram a favor da decisão, escrevendo que os pais podem ter relatado assédio e pedido proteção para os filhos. No entanto, esses comentários foram recebidos com críticas de outros internautas, que argumentaram que proibir as meninas de cantar não acabaria com o assédio.

O Talibã manteve o poder sobre a maior parte do Afeganistão por quase cinco anos, até que a invasão liderada pelos EUA derrubou o grupo em 2001. Desde então, os avanços para os direitos das mulheres no Afeganistão se espalharam de cidades urbanas para vilarejos, com mais oportunidades de educação e profissões. 

Contudo, ataques contra mulheres jornalistas estão aumentando no Afeganistão. As mulheres temem perder os direitos que ganharam com a queda do Talibã, enquanto os líderes tentam negociar o retorno do grupo à política.

Leia também: Mulheres precisam de autorização para viajar na Faixa de Gaza

Lobato Felizola

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