Um homem negro afirma ter sido retirado do banheiro do Shopping da Bahia, localizado na cidade de Salvador, após terem o acusado de furtar uma mochila que comprou na loja Zara. De acordo com Luís Fernandes Júnior, em entrevista ao portal “G1” nesta quinta-feira (30), ele foi vítima de racismo.
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Em entrevista ao site, Luís Fernandes, que é natural de Guiné-Bissau, país africano, e vive na Bahia há sete anos, contou que o caso aconteceu na última terça-feira (28). Ainda conforme o homem, ele foi até a loja da Zara depois de ter visto uma bolsa vendida pela loja na internet.
“Fui na loja da Zara procurar a mochila que eu queria, porque a minha estava velha. Conversei com o atendente, que foi muito cordial, e conseguimos encontrar a mochila por meio do código do produto, no aplicativo. Eu então deixei a mochila no caixa e saí da loja para sacar o dinheiro. Depois retornei para pagar pela mochila e saí com minha compra, com o comprovante de pagamento”, explicou.
Depois de ter pagado pela mochila, Luís deixou o local e foi ao banheiro. Isso, com pressa, porque ele havia deixado um carro o esperando do lado de fora do shopping. “Quando o rapaz do caixa ia me dar o troco, que era R$ 1, eu pedi só a nota fiscal porque estava com pressa. […] De lá, fui no banheiro e, quando eu estava urinando, o segurança entrou e começou a gritar comigo”.
Segundo Luís Fernandes, ele já havia passado por esse segurança duas vezes. “Ele inclusive me indicou onde ficava o caixa eletrônico que eu saquei o dinheiro da compra”, disse ele, que relatou que, no banheiro, o homem o abordou e disse que ele teria que devolver a bolsa que “havia furtado”.
“Ele chegou perto de mim e falou: ‘eu quero que você devolva agora a mochila que você roubou na loja da Zara’. Eu respondi que tinha comprado a mochila e ainda falei que tinha o comprovante, mas ele não quis ouvir e insistiu para que eu devolvesse”, contou.
De acordo com o homem, ele ficou nervoso e saiu discutindo pelo corredor atrás do segurança. “Quando chegamos de volta na loja, procurei o rapaz que me atendeu e perguntei a ele de quem era a mochila. O atendente respondeu que era minha, que eu havia comprado. Aí ele ficou sem jeito”, lembrou.
“Mesmo assim, ele ficou com a minha mochila na mão e saiu andando com ela. Eu estava bastante nervoso e chamei ele de racista. Questionei: ‘Só por que eu sou negro, não tenho o direito de comprar o que eu quiser?’”.
Mesmo após a situação ter sido explicada, relata Luís Fernandes, o segurança se recusou a devolver a bolsa. Por conta disso, o homem foi até o responsável pela segurança do shopping e desabafou.
“Encontrei a pessoa responsável pela segurança, e perguntei: ‘Você pode me dizer que tipo de treinamento, formação ou educação vocês dão para os seguranças? Se fosse um homem branco, ele teria coragem de entrar no banheiro e fazer isso? Me acusar de roubo, me retirar do banheiro, eu com o comprovante na mão?”, disse ele, que afirma que “foi tratado com desdém pelo responsável pela segurança”.
Por fim, ele conta que explicou ao responsável que é graduado em Ciências Humanas e faz duas pós-graduações, uma delas em Gênero e Direitos Humanos. “Eu disse que sei o que é racismo. Nesse momento, a fisionomia dele mudou e ele abaixou a cabeça”.
“Estou contratando um advogado para isso. Eu nunca passei por nada desse tipo. Só assistia na televisão e já me dava raiva de ver. É algo que não tem como compensar. Em momento nenhum a loja me procurou”, finalizou ele. Em nota, a Zara disse que está investigando o caso.
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