Acre sofre com enchentes em meio à pandemia e surto de dengue
Em meio a um sistema de saúde em colapso por causa da pandemia de Covid-19, cidades inteiras do Acre estão debaixo d’água com milhares de desabrigados. Desde o início de fevereiro, o estado passa por situações de alagamento devido ao alto nível das chuvas. Cerca de 120 mil pessoas já foram atingidas pelas enchentes geradas após o transbordamento dos rios, conforme balanço desta segunda-feira (22) do Corpo de Bombeiros.
O governador do Acre, Gladson Cameli, afirmou que o estado só tem dinheiro para manter o sistema de saúde funcionando para tratar pacientes com Covid-19 por no máximo mais três meses e pede ajuda ao governo federal. O estado enfrenta o pior momento da pandemia, com hospitais lotados e internações em alta. Além disso, um surto de dengue, doença tropical transmitida por mosquitos e que em alguns casos pode levar à morte, agrava a situação nos hospitais.
Para completar a crise humanitária causada pelas enchentes combinada com o sistema sanitário, o governo local ainda tem que lidar com os problemas gerados por imigrantes haitianos barrados na fronteira do Acre com o Peru.
🚨🚨🚨 Enchentes em aldeias indígenas 🏞️
Os rios do Acre enfrentam nesse momento a pior cheia da sua história, e os nossos irmãos(ãs) indígenas e ribeirinhos(as) precisam da nossa ajuda.
São 10 aldeias da etnia Huni Kuin do baixo rio Envira e 6 do alto rio Envira, + pic.twitter.com/5NcYhDbIpj
— #JustiçaPorIsac (@Karibuxi) February 21, 2021
Enchentes no Acre
Até esta segunda-feira (22), estima-se que 32.334 famílias foram atingidas pelas enchentes no Acre. Desse total, 4.400 tiveram que deixar suas casas, enquanto 2.027 estão sem abrigo. Na capital Rio Branco, por exemplo, vários igarapés transbordaram atingindo cerca de 40 bairros. Enquanto isso, no interior do estado, a situação piora ainda mais porque os rios que cortam as cidades não param de subir. A cada dia, a medição aumenta e a preocupação dos moradores por danos, prejuízo e dor sobem à medida que a água toma conta dos lugares.
SOS ACRE. Sem energia elétrica, sem água potável e ainda tendo que enfrentar o COVID em condições precárias.
Alguém sabe como podemos ajudar? pic.twitter.com/vLGDlWpnB3
— Alok (@alokoficial) February 20, 2021
Uma das situações mais críticas no Acre é em Sena Madureira, terceiro município mais populoso do estado com cerca de 46 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve um estrangulamento da estrada, o que – segundo o governo – pode gerar uma crise de abastecimento local. A cidade está sem atendimento bancário, já que todas áreas foram alagadas. Além disso, há um alto risco de transbordamento do rio Iaco. O município ainda é cortado por outros dois rios que já transbordaram: o Envira e o Tarauacá.
Maior enchente em 24 anos
Há cerca de 260 quilômetros de Sena Madureira, a cidade que leva o mesmo nome do rio Tarauacá registra a maior enchente em 24 anos. Na última sexta-feira (19), o rio marcou 11,05m, com mais de 1,5m acima da cota de transbordamento. De acordo com a Defesa Civil, os alagamentos afetaram cerca de 28 mil pessoas na cidade de pouco mais de 40 mil habitantes. Além disso, a enchente já atinge cerca de 70% do município de Tarauacá.
Acre pede socorro! O Estado vive a 2ª maior enchente da história, enquanto enfrenta pandemia, crise migratória e um surto de dengue. A companheira @perpetua_acre já está organizando uma ação solidária para entregar sacolões e água. Toda ajuda às famílias é importante! #SOSAcre pic.twitter.com/6Jfmf67gn1
— Manuela (@ManuelaDavila) February 20, 2021
Além da capital Rio Branco, Tarauacá e Sena Madureira, pelo menos mais quatro municípios do Acre foram atingidos pelas cheias dos rios.
Ao todo, o governo do Acre já montou 23 abrigos para pessoas que precisaram sair de suas casas e distribuiu mais de 500 cestas básicas até o último domingo (21). Todos os órgãos públicos estão em alerta máximo para socorrer os atingidos.